O autor, que não se intitula um cozinheiro, apenas um contador de histórias que aprendeu a cozinhar para melhor ilustrá-las, apresenta uma obra primorosa com 36 contos desvendados de forma agradável e divertida, permitindo ao leitor conhecer e entender um pouco melhor o que se come e por quê.
Ainda que não se proponha ao rigor científico, a obra possui riquezas de detalhes adquiridos por meio de muita pesquisa ao longo de 15 anos, das viagens de Breno pelo mundo e de sua paixão pela culinária. Embora não seja um livro de receitas, Lerner oferece algumas exclusivas, dignas dos deuses.
Mas, afinal, que ganso é esse marisco? O que foi servido na última ceia do Titanic? E o último baile do Império, como acabou? Como se alimentavam os marinheiros das grandes navegações, muito antes da descoberta da geladeira e do microondas ou mesmo a grande estrela de Hollywood, Marilyn Monroe? Qual a relação de Eça de Queirós com a a gastronomia histórica a ponto de, em toda a sua obra, citar jantares 560 vezes, almoços, 232 e ceias, 176? Quem reduziu o boi a cubinhos, que hoje ganham a preferência da maioria das donas de casa?
O primeiro livro de receitas, a primeira receita escrita conhecida e algumas outras histórias bem curiosas também podem ser conferidas no livro. A escolha do título deve-se a uma das histórias mais divertidas e curiosas. Este ganso, também conhecido como ganso das faces brancas, é uma ave que vive nas regiões árticas e migra no inverno para as costas da Inglaterra, Escócia e Irlanda a fim de procriar e se alimentar.
Por ter hábitos muito diferentes, uma lenda acabou sendo gerada em torno desta ave. Dizia-se que ela nascia em árvores à beira-mar ou em troncos flutuantes e quando estava com o corpo já formado caía na àgua e saía nadando ou voando. Esta lenda foi tão longe que até padres na época permitiam que seus fiéis comessem o ganso marisco nos períodos de abstinência da carne.
Em “O Ganso marisco e outros papos de cozinha” é possível, ainda, passear por diversos restaurantes antigos e suas histórias. O autor faz um panorama geral, , com endereços e suas especialidades de acordo com a sua data de abertura, como o austríaco Stiftskeller St. Peter do ano de 803, Ma Yu Ching, da China de 1153, Albergue dos Viajantes, do Brasil de 1599, entre outros que ficarão registrados para sempre na memória. Quase todos funcionam até hoje.
Lerner também oferece ao leitor um curioso, rápido e pequeno dicionário histórico-culinário seguido de um glossário de palavras judaicas presentes em seu quarto livro, além de índice de receitas.
Sobre o autor
Atualmente publica a coluna “Papo de Cozinha” em diversas revistas e a seção Almanaque na revista Gula. Entre suas outras atividades estão aulas, palestras e workshops sobre o tema, além de estudar e escrever sobre a história da culinária e da gastronomia.
Fonte: Divulgação
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